sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

I

Filha platina
De teu ser semelhante
Traga-me fogo seco
E incensos fumaçantes

Levitarei meus pés
Sobre águas nuas
Em tua pele de verduras,
Como sóis ensanguentados.

Rastros de mim, uivantes,
Logo ouço impertinente:
Quantias profanas vibrantes
De braços e lobos valentes.

Febris cantos.
Descontentes gargalhadas
Em rins de ganso ameno.
Um brasão de prata armada.

Loas de brisa
Perfumam a lagoa.
Da Lua até deslizam
Afagos a toa.

Raízes de cor madura
Soam e roem amores.
Pulsam epopéicas gasturas,
Corroem sábios horrores.

Ouça-me Dama cálida rosada!
Verta chuva de leite anis
Nos alçapões da noite pálida.
Canções serão raptadas e ingratas.

Dentes rompem.
Mordem ferro.
Berros de homem, enfim,
Silenciam o grande inferno.

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