sexta-feira, 19 de março de 2010

Poesia presa
É um canto de mágoa.
Deságua na carne
Um pranto, uma chaga.
Imprime dos olhos
Uma lua sem prata,
Uma gargalhada entalada
No gargalo da agonia.

Poesia presa.
Presa por um bixo perigoso.
Prosa de uma página vazia.
Farsa de um louco desamoroso.
Queda livre ardentemente fria
Em direção a um fígado quente
E a espora de um escorpião
Pior, muito pior que dor de dente,
Ou que um prego no coração.

Poesia presa.
No ventre de uma enguia.
Ébria no afeto, atravancando
Dromedários no deserto.
Um explosão de lama
Na barriga mole de um feto.
Desgarrado de sua trama
Ele gira e torna-se cego.
Como um monstro que não ama.
Poesia presa no ego.

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